tag:blogger.com,1999:blog-29192817840073116052024-03-05T10:36:08.971+00:00PEDROESIAUm sítio de ecos poéticosPedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.comBlogger56125tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-36861108479607011312011-07-26T22:54:00.000+01:002011-07-26T22:54:25.464+01:00Viver sem viveré<br />
uma raposa<br />
que foge à verdade<br />
<br />
é<br />
uma besta<br />
que apaga o tão esperado ardor<br />
<br />
é<br />
uma dor<br />
por outros antecipada<br />
<br />
é<br />
chamar<br />
pela sombra azul em vão<br />
<br />
é<br />
percorrer<br />
o chão seco da tua morte<br />
<br />
é<br />
adormecer<br />
ao rés de uma nascente passada<br />
<br />
é<br />
acordar<br />
de um sonho nunca sonhado<br />
<br />
é<br />
morrer<br />
sem nunca ter vivido<br />
<br />
é<br />
sempre é<br />
<br />
até<br />
que a dor seja bem-vinda<br />
<br />
e o inimigo estimado.<br />
<br />
<br />
(Primošten, 26 de Julho de 2011)Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-52369394867751934982011-07-22T00:34:00.003+01:002011-07-22T11:31:32.675+01:00Ondas de mar docenão sou<br />
de cortejar memórias<br />
e chorar o ouro derramado<br />
<br />
mas,<br />
com a ajuda<br />
de um olho rubro,<br />
bordeaux em copo de Verão,<br />
não há nada<br />
que se não seja<br />
<br />
e é da memória<br />
de um sorriso<br />
que esta noite<br />
escrevo:<br />
<br />
ora...<br />
trata-se<br />
de um sorriso<br />
tão hipnotizante<br />
como o canto de uma sereia<br />
<br />
e deslumbrante<br />
como um paraíso<br />
um oásis jardim de reis<br />
que encarnava a felicidade<br />
<br />
um sorriso que<br />
tirava o fôlego<br />
a quem olhava<br />
<br />
e<br />
o devolvia<br />
em beijo de canhão<br />
<br />
sim...<br />
era um sorriso letal<br />
como a queda da Lua<br />
<br />
e sentenciado fui<br />
naquela tarde de outono<br />
há 15 anos atrás<br />
<br />
em<br />
que<br />
o sol<br />
perdia-se<br />
pela direita<br />
<br />
de onde<br />
subtilmente<br />
as asas de uma onda<br />
tão feminina de mar doce<br />
me acariciaram a alma com a espuma<br />
hipnotizante que era o sorriso<br />
daquela criatura única no seu jeito<br />
de morder o lábio<br />
<br />
e toda ela<br />
era o sorriso<br />
<br />
o olhar<br />
vago<br />
para o chão<br />
era o sorriso<br />
<br />
o corpo<br />
ondulado<br />
de costas para tudo<br />
era o sorriso<br />
<br />
os dedos<br />
perdidos<br />
nos cabelos<br />
<br />
e o falar<br />
babado mas doce<br />
atrapalhado<br />
mas insinuante<br />
docemente insinuante<br />
<br />
tudo isso...<br />
era o sorriso<br />
<br />
já lá foram 15 anos...<br />
<br />
e um olho rubro,<br />
bordeaux em copo de Verão,<br />
é o suficiente...<br />
<br />
(Primošten, 22 de Julho de 2011)Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-49542351392174032542011-07-18T17:04:00.000+01:002011-07-18T17:04:53.155+01:00To my ex-girlfriendsI could<br />
just say:<br />
<br />
things<br />
didn't work out<br />
that well<br />
for us<br />
<br />
but<br />
that<br />
would be a lie<br />
<br />
things<br />
DID work out<br />
pretty much well<br />
for ONE of us<br />
<br />
and<br />
that<br />
is how it goes<br />
<br />
winners<br />
pairing<br />
with losers<br />
<br />
there's<br />
the kisser<br />
and there's the kissed<br />
<br />
there's the bullet<br />
and something else<br />
<br />
I could<br />
just say<br />
all those<br />
politically correct things<br />
that<br />
everyone else<br />
would readily say<br />
once the ride<br />
is done<br />
<br />
but that<br />
would be a BIG DAMN<br />
lie<br />
<br />
a BAD lie<br />
<br />
and I'm<br />
pretty much sure<br />
that<br />
one of us<br />
gets IT all<br />
<br />
that's how<br />
things<br />
DO work out.<br />
<br />
<br />
(Primošten, 18 July 2011)Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-22576847474577647982011-07-15T17:18:00.002+01:002011-07-15T17:18:51.334+01:00O glorioso afogamento da aranhasentado ignoro<br />
a chávena de café<br />
ainda por revelar<br />
uma perna de aranha<br />
<br />
o jornal<br />
continua dobrado<br />
ainda por revelar<br />
os cadáveres<br />
da noite anterior<br />
<br />
as mesas em redor<br />
revelam uma civilização<br />
de almas oxidadas<br />
<br />
o habitual<br />
cheiro a café<br />
e o invasivo<br />
fumo de cigarro<br />
abrem o ritual:<br />
<br />
15 minutos<br />
de reflexão automática<br />
<br />
em breve<br />
regressaremos ao asfalto:<br />
300 quilómetros<br />
de cobra cinzenta<br />
<br />
entretanto<br />
os meus olhos gastos<br />
apreciam<br />
outros olhos<br />
igualmente gastos<br />
<br />
perdidos<br />
entre fumos de cigarro<br />
e outros indesejáveis odores<br />
de presença humana<br />
<br />
reclamações absurdas<br />
parecem fazer parte<br />
deste ritual alheio<br />
<br />
gordos sebentos<br />
inarticulados seres<br />
semiconscientes das suas misérias<br />
insuficientemente satisfeitos<br />
com a submissão dos empregados de mesa<br />
<br />
gado<br />
de almas oxidadas<br />
que donos de nada<br />
julgam-se temporariamente donos<br />
de outras almas igualmente oxidadas<br />
<br />
e isto repete-se<br />
em cada paragem na auto-estrada<br />
<br />
pelas mesas em redor<br />
uma abundância de olhos gastos<br />
revelando cataratas de temores agendados<br />
<br />
entretanto<br />
eu sei que faço parte<br />
de toda esta suculência<br />
<br />
algures no passado<br />
um passo mais à esquerda<br />
ou à direita<br />
trouxe-me até aqui<br />
<br />
e agora<br />
só me resta apreciar<br />
<br />
talvez procure algo<br />
neste mar de fumos e odores<br />
<br />
talvez, quem sabe...<br />
<br />
talvez<br />
todo este empenho<br />
em observar os arredores<br />
e ver o filme já visto<br />
me faça ignorar<br />
o nunca<br />
ou insuficientemente visto<br />
<br />
e se por um<br />
ou outro momento<br />
me libertasse<br />
de tal vício voyeurista<br />
certamente testemunharia<br />
outros mundos mais intrigantes ainda<br />
como o da aranha em toda a sua dignidade<br />
caminhando o percurso da Morte<br />
<br />
isto é uma daquelas lições<br />
que pelos vistos nunca aprenderei<br />
<br />
assim seja!<br />
<br />
há muito asfalto a percorrer<br />
<br />
e em cada paragem<br />
ver o já visto<br />
como novo ou mais intrigante ainda<br />
é um dos rituais<br />
que para sempre me glorificará a jornada<br />
<br />
sempre<br />
e para sempre<br />
desde que hajam asfalto<br />
café fumo de cigarro<br />
e aranhas dignas de entreter<br />
os meus 15 minutos.<br />
<br />
<br />
(Primošten, 15 de Julho de 2011)Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-8970156289641649892011-06-26T22:19:00.001+01:002011-06-26T22:22:38.633+01:00The Danger of Normalitysometimes<br />
it seems to me<br />
that the world<br />
is in a state of denial<br />
<br />
since ever<br />
and forever<br />
<br />
therefore<br />
I praise<br />
the four walls<br />
that wrap my troubled soul<br />
<br />
for only terribly<br />
insane fellows<br />
can claim sanity<br />
in a world like this<br />
<br />
and<br />
as always<br />
the sane<br />
is the one<br />
to get fucked<br />
<br />
since ever<br />
and forever.<br />
<br />
<br />
(Zagreb 26 June 2011)Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-59631837183231421502011-06-07T11:55:00.002+01:002011-06-07T11:55:47.903+01:00Tarantella em asfalto vermelholinhas de sangue<br />
pelo asfalto do meio-dia<br />
<br />
como que delineadas<br />
pela mão invisível<br />
da Morte<br />
<br />
a estrada<br />
transforma-se,<br />
à hora de inferno,<br />
numa tecla vermelha<br />
parcialmente atravessada<br />
por animais sem alma<br />
e animais com alma<br />
em breve secos no asfalto<br />
<br />
nós temos o Céu o Paraíso<br />
eles têm a estrada<br />
<br />
nós temos os semáforos<br />
eles têm a sorte<br />
<br />
nós morremos<br />
alguém nos acolhe<br />
como se não tivéssemos morrido<br />
mas somente adormecido<br />
<br />
eles morrem e ficam lá<br />
em breve secos no asfalto<br />
vermelho à hora de inferno<br />
<br />
é assim<br />
na auto-estrada<br />
perto da minha casa<br />
<br />
onde nós<br />
chegamos rápido<br />
aos nossos destinos usuais<br />
<br />
e eles<br />
mais rápido ainda<br />
ao destino imprevisto<br />
<br />
o nosso conforto<br />
é o inferno deles<br />
<br />
eu sei que não há<br />
nada de novo nesta história<br />
<br />
mas não é todos os dias<br />
que vejo o reflexo da Morte<br />
nos olhos de um gato<br />
dançando<br />
a sua tarantela final<br />
em asfalto vermelho.<br />
<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">(Zagreb 7 de Junho 2011)</span>Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-16337369645870844312011-06-06T13:23:00.003+01:002011-06-06T16:37:27.436+01:00Deuses como taltodos nós<br />
temos os nossos deuses<br />
<br />
até eu<br />
<br />
a diferença<br />
é que os meus<br />
estão um pouco mais perto<br />
de mim<br />
<br />
posso vê-los<br />
posso tocá-los<br />
<br />
posso tudo<br />
<br />
e sei<br />
que são deuses inventados<br />
pois inventei-os eu<br />
<br />
aceito as minhas ilusões<br />
como ilusões<br />
<br />
aceito os meus deuses<br />
como tal<br />
<br />
aceito o negro da vida<br />
apesar de vê-la<br />
de branco<br />
<br />
eu sei, eu sei...<br />
<br />
e com isso<br />
já fiz as minhas pazes.<br />
<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">(Zagreb, 6 de Junho 2011)</span>Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-14327789633618555802011-06-04T15:14:00.004+01:002011-06-07T09:47:37.846+01:00É difícil concentrar-se em queda livreporco<br />
de asas-rosa<br />
em queda livre<br />
<br />
uma situação<br />
indesejável!<br />
<br />
desesperado<br />
procura o telemóvel<br />
talvez lhe possa salvar<br />
o que resta do sonho<br />
<br />
talvez encontre<br />
um contacto<br />
um cordão<br />
firme<br />
de esperança<br />
<br />
o porco<br />
de asas-rosa<br />
voou até à nuvem mais alta<br />
procurando laranjas<br />
<br />
ele<br />
sonha sempre<br />
com laranjas<br />
que nunca vê<br />
mas sabe<br />
que existem<br />
lá em cima<br />
empilhadas<br />
na nuvem mais alta<br />
<br />
sempre na nuvem<br />
mais alta!<br />
<br />
e<br />
nem desta vez<br />
as encontrou<br />
<br />
que pena!<br />
<br />
e agora<br />
o porco<br />
de asas-rosa<br />
em queda livre<br />
procura<br />
desesperado<br />
pelo telemóvel<br />
<br />
e<br />
nem desta vez<br />
o encontrou<br />
<br />
nem um contacto<br />
ou um fio de esperança!<br />
<br />
coitado!<br />
<br />
é difícil<br />
concentrar-se<br />
em queda livre<br />
<br />
tentem!<br />
<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">(Zagreb, 4 de Junho 2011)</span>Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-18422835866531053192011-05-17T11:28:00.002+01:002011-05-18T18:25:53.952+01:00Escrever...escrever escrever escrever...<br />
é a agonia do poeta<br />
ter de escrever<br />
escrever e escrever<br />
<br />
descrever o indescritível<br />
imaginar o inimaginável<br />
<br />
escrever escrever escrever...<br />
inventar palavras que<br />
nunca descreverão<br />
o poema vagante<br />
<br />
tentar fugir para a cela<br />
e evitar o oásis nela<br />
<br />
escrever escrever escrever...<br />
é a tortura do poeta<br />
é a bala que aponta<br />
mas nunca explode<br />
<br />
seremos meras personagens fictícias<br />
à mercê da benevolência do poema?<br />
<br />
seremos escravos de nós próprios?<br />
a mão do poema queiramos ou não?<br />
<br />
e continuamos a escrever<br />
escrever e escrever<br />
bombardear teclas<br />
com dedos de chumbo<br />
pesos inconscientes de bazuca descartada<br />
<br />
escrever escrever escrever...<br />
<br />
continuamos a escrever<br />
escrever e escrever<br />
<br />
e atrás da nuca<br />
o pêndulo do relógio goza a sua eternidade.<br />
<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">(Zagreb, 17 de Maio 2011)</span>Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-40843794711719564722011-05-10T20:15:00.003+01:002011-05-10T22:20:40.632+01:00O Universo da moscao Universo,<br />
segundo alguns poetas,<br />
é de natureza passageira<br />
como um muro de memórias<br />
que desce um dia descerá<br />
<br />
talvez pudesse ser algo mais<br />
um pensamento<br />
escondido atrás do sol<br />
que certamente escasseará<br />
e com ele o Universo desses ditos poetas<br />
que não existe nunca existiu<br />
para lá do sol<br />
<br />
há algo de febril nesta imperfeição<br />
(imposta, diria)<br />
de seguir o voo da mosca<br />
que define a luz<br />
como algo que a não matará<br />
e em fé lhe entrega seu último voo<br />
<br />
alguns poetas acreditam<br />
neste tipo de Universo<br />
que não existe para lá do sol<br />
e um piano continua a brincar<br />
com o seu escravo<br />
mais um poeta mosca<br />
em queda livre ao sol<br />
<br />
alguns poetas escrevem<br />
sobre o Universo<br />
acreditam no saber puro<br />
masturbam a mente aos sons de bico<br />
e aromas de pétala<br />
poetizam tudo<br />
menos a carne percutida<br />
que prolonga as noites da minha espécie<br />
(essa é que é a minha poesia :)<br />
para eles o ar tem de ser ideal<br />
limpo sujo, não interessa, mas ideal<br />
e lá vagueiam por jardins<br />
vagueiam religiosamente<br />
e respiram o ar que lhes generosamente<br />
desflora a poetização da pétala<br />
<br />
não sei que diga...<br />
pensar sobre o Universo de alguns<br />
faz-me sentir como mosca em fé<br />
de seu último voo<br />
não é algo que me interessa<br />
quem tem asas que voe<br />
viva os seus sonhos<br />
e caia morto de sonhar<br />
<br />
não sei que diga...<br />
só gostaria de saber<br />
por onde andam as almas livres<br />
os imunes sem asas<br />
(pois voar é desnecessário)<br />
fiéis nas suas infidelidades<br />
ao mesmo sol de onde nascem<br />
os jardins de todas as cidades<br />
enfados de sons de bico aromas de pétala<br />
risos choros e passos de relva<br />
acordes de gritos e ladridos<br />
estátuas de gente insignificante<br />
<br />
esses é que são os da minha espécie<br />
imunes a toda essa coisa<br />
de beleza imposta<br />
que quase sempre exige aprendizagem<br />
“tens de amar”,<br />
dizem os poetas moscas<br />
em fé de seu último voo,<br />
“tens de amar as pétalas<br />
sejam de flor<br />
sejam de jacaré<br />
tens de amar as pétalas”<br />
<br />
eles não reconhecem a beleza<br />
da apatia ao sol<br />
das paredes<br />
do silêncio intermitido<br />
pela carne percutida<br />
ou da despoetização de algo tão insignificante<br />
como o Universo de alguns<br />
e as estátuas de outros.<br />
<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">(Zagreb, 10 de Maio 2011)</span>Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-64580081998605001542011-04-30T14:58:00.001+01:002011-04-30T15:47:50.920+01:00Na quinta-feira à noitenão há palavra<br />
ou qualquer tipo de<br />
expressão linguística<br />
que descreva a beleza<br />
do poema que<br />
senti<br />
vivi<br />
na passada quinta-feira<br />
à noite<br />
<br />
a maior parte de nós<br />
não vê razão<br />
para recordar<br />
uma quinta-feira<br />
geralmente não há nada<br />
de especial<br />
numa quinta-feira<br />
à noite<br />
<br />
não é como a sexta<br />
última etapa da tortura semanal<br />
(para a maior parte de nós)<br />
<br />
não é como o<br />
sábado à noite<br />
em que quase tudo<br />
se esquece<br />
(voluntariamente)<br />
<br />
quase tudo se esquece<br />
especialmente<br />
de que somos covardes<br />
por natureza covardes<br />
de segunda a sexta<br />
pois vivemos<br />
quase todos<br />
um certo temor<br />
agendado<br />
<br />
trocamos uma parte de nós<br />
por empregos<br />
segurança social e descontos<br />
em latas de atum<br />
o habitual pague 2 leve 3<br />
(em que se paga sempre mais)<br />
<br />
vivemos apressados<br />
de segunda a sexta<br />
um pouco menos<br />
ao sábado<br />
<br />
rezamos<br />
ao domingo<br />
para que tudo fique assim<br />
a balada do adeus<br />
à esperança de melhor<br />
antes assim<br />
que pior<br />
<br />
digo-vos:<br />
não há palavra<br />
ou qualquer tipo de<br />
expressão linguística<br />
que descreva<br />
a elevação<br />
do ser<br />
que celebra<br />
uma quinta-feira<br />
quando a maior parte<br />
de nós<br />
espera pelo sábado<br />
(para esquecer)<br />
e pelo domingo<br />
(para rezar)<br />
<br />
e quando chegarem<br />
os tempos<br />
de cantar<br />
o negro blues<br />
cantarei<br />
(ao contrário de vocês)<br />
sobre tempos<br />
melhores<br />
e não menos piores<br />
<br />
por isso ergo<br />
o copo de bordeaux<br />
na quinta-feira à noite<br />
enrolo a ganza<br />
na quinta-feira à noite<br />
esqueço quase tudo<br />
na quinta-feira à noite<br />
e rezo as minhas baladas<br />
na quinta-feira<br />
à noite<br />
<br />
ámen!<br />
<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">(Zagreb, 30 de Abril 2011)</span>Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-1691549401959681912011-04-13T11:59:00.003+01:002011-04-13T12:07:40.091+01:00Promoção da semana<div style="text-align: center;"><br />
<span style="font-size: large;"><b>PROMOÇÃO DA SEMANA</b></span></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF1VPOTRvwULjQGzi9sy39NAu19mDK-VPBgkBNGhQCa-_v1IlxEoKJjcSiSP3cC3a2J_MU-EXj0LNCzg4axZZC6s4Xu9rmDJzeesWXgheNXSJJ1gWXsA_Ma5kFbnyLkirpi8yiDDW1ppyC/s1600/cruz.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgF1VPOTRvwULjQGzi9sy39NAu19mDK-VPBgkBNGhQCa-_v1IlxEoKJjcSiSP3cC3a2J_MU-EXj0LNCzg4axZZC6s4Xu9rmDJzeesWXgheNXSJJ1gWXsA_Ma5kFbnyLkirpi8yiDDW1ppyC/s1600/cruz.jpg" /></a></div></div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">Bernardita Henriqueta Tá-a-Vêre</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;"><br />
</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">Faleceu</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">R.I.P.</span></div><br />
Seus filhos, mãe, genro, neta, irmãos, sobrinhos, marido, ex-marido, amante, ex-amante, cão e demais família cumprem o dever de participar às pessoas de suas relações e cara amizade o tão esperado falecimento da sua saudosa mãe, filha da mãe, sogra, querida, avó querida, mana querida, tia querida, cartão Visa querido, viúva verde querida, crédito bancário querido, ex-crédito bancário querido, buraco querido e parente querida, residente que foi ao hotel Savoy na passada terça-feira, Ritz na passada quarta-feira, Mercedes Benz na quinta-feira, porta-bagagens do mesmo na sexta, e que o seu ansioso despacho se realiza hoje pelas 16:30 horas, saindo do churrasco, no Montado do Pereiro, para contentor de recicláveis no mesmo.<br />
Será precedido de um torneio de tiro ao corpo presente pelas 16:00 horas no referido descampado.<br />
<div style="text-align: center;"><b>_______________________</b></div><br />
A família da extinta agradece à equipa médica, enfermagem e pessoal auxiliar da cirurgia 69 (rés-do-chão e cave), serviço de anuslogia do Hospital da Cruz de Malvado, pela forma carinhosa e penetrantemente eficiente como trataram a sua saudosa paciente.<br />
<div style="text-align: center;">_______________________</div><br />
O comando corporativo e funcionários dos Bombeiros Municipais de XXX cumprem o refrescante dever de participar o falecimento da sua ex-cliente nº1, que tantas mangueiras requisitou para apagar os seus incêndios, Bernardita Henriqueta Tá-a-Vêre, e que a sua festa de despedida se realiza hoje, pelas 16:30 horas, saindo do churrasco, no Montado do Pereiro, para contentor de recicláveis do mesmo.<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">XXX, 22 de Novembro 1998</div><div style="text-align: center;">______________________________________</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;">A cargo da agência funerária</div><div style="text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: large;">"McDonald's"</span></b></div><div style="text-align: center;"><b>de Tio Sam, Lda.</b></div>Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-71953061359448094592011-04-12T21:45:00.005+01:002011-04-13T17:13:11.390+01:00Lá chegaremosnão!<br />
<br />
não comecemos<br />
com palavras<br />
indefiníveis<br />
tais como:<br />
<br />
ARTE - AMOR - NADA - MERDÁGUANABOCA<br />
<br />
e<br />
<br />
TODOSENTIMENTOS<br />
<br />
seria o fim<br />
de toda uma beleza<br />
felicidade<br />
a viagem<br />
num sobe ou desce<br />
consoante as placas<br />
de sinalização<br />
do rio<br />
da vida<br />
<br />
seria o bater<br />
numa porta misteriosa<br />
eternamente fechada<br />
o chamar<br />
desesperadamente<br />
por uma mãe<br />
morta<br />
a angústia<br />
do silêncio<br />
ruidoso<br />
<br />
seria aço<br />
em fémur<br />
dor<br />
de não saber parar<br />
<br />
<br />
comecemos por:<br />
<br />
SANGUE<br />
<br />
MAR<br />
<br />
CLIMA - FLAUBERT<br />
<br />
e<br />
<br />
UM PINGO DE URINA<br />
DISSOLVIDO EM CAFÉ<br />
<br />
lá chegaremos!<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
(Madeira, séc. XX)Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-34393870116239567052011-04-12T13:33:00.007+01:002011-04-12T21:40:42.690+01:00Lá em baixolá em baixo<br />
automóveis apressados<br />
por pouco atropelam<br />
peões apressados<br />
os semáforos tornam-se irrelevantes<br />
quando `as 6:30 da manhã,<br />
por entre os blocos<br />
de cimento elevado<br />
que assombram um mar<br />
de formigas,<br />
se apressa `aquele lugar<br />
de sempre<br />
<br />
lá em baixo<br />
as buzinas berram<br />
anunciam<br />
o começar de mais um dia<br />
assim como as crianças,<br />
mártires involuntários<br />
com as suas mochilas de chumbo,<br />
que como mulas berram<br />
e se apressam `aquele lugar<br />
de sempre<br />
<br />
parece que temos todos<br />
aquele lugar de sempre<br />
<br />
parece-nos no mínimo<br />
inevitável<br />
<br />
parece-nos, não obstante, único<br />
este lugar de sempre<br />
mesmo que cercado por paredes<br />
e instalações eléctricas,<br />
televisores de plasma<br />
e caixas de pagamento automático<br />
<br />
parece-nos único<br />
este lugar de sempre<br />
<br />
parece-nos inevitavelmente<br />
único<br />
<br />
mesmo com os seus cartazes-jumbo<br />
e todo o fumo vomitado<br />
pelos automóveis,<br />
pelos parasitas embrulhados em<br />
uniformes de polícia,<br />
e por outros de fato e gravata,<br />
Armani, Hugo Boss (uma merda dessas),<br />
a caminho do parlamento<br />
o mesmo lugar de sempre<br />
onde pouco ou nada<br />
se decide<br />
como sempre<br />
<br />
e como em todos os outros lugares<br />
de sempre<br />
<br />
parece que cada homem<br />
se julga único<br />
elevado como o cimento<br />
`as 6:30 da manhã<br />
olhando lá em baixo<br />
o mar de formigas apressadas<br />
entrando e saindo de sombras citadinas<br />
ignorando semáforos<br />
e escapando por pouco<br />
ao atropelamento<br />
<br />
lá em baixo naquele lugar<br />
de sempre<br />
<br />
<br />
(Zagreb, 12 de Abril 2011)Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-62620100643483101662011-04-12T11:28:00.003+01:002011-04-12T11:33:12.441+01:00O poemao caderno está aberto<br />
e a caneta<br />
já cospe alguma tinta<br />
o poema<br />
vagueia algures<br />
por entre as entranhas<br />
e os nervos de uma Primavera<br />
que nunca vem<br />
<br />
ameaça<br />
mas nunca vem<br />
<br />
<br />
(Zagreb, 12 de Abril 2011)Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-49931928046725865692011-03-27T19:09:00.002+01:002011-03-27T19:09:46.845+01:00Nem o circo aprecioum de nós aprecia o circo<br />
onde os palhaços dormem<br />
e os leões fodem<br />
onde os asiáticos,<br />
perfeitos como sempre,<br />
saltam, voam, sei lá...<br />
e as suas acrobacias<br />
deixam rastos no ar<br />
demasiado complicados para decifrar<br />
<br />
o outro olha desinteressado<br />
os leões que fodem<br />
<br />
o circo já não é o que era<br />
as acrobacias tornaram-se complicadas<br />
demasiado perfeitas<br />
a banda, que antes tocava,<br />
hoje nos fuzila em grande estilo<br />
mas ao menos os leões fodem<br />
e um de nós olha<br />
mesmo que desinteressado<br />
<br />
as crianças gritam<br />
os adultos escrevem ao telemóvel<br />
e um de nós continua a olhar<br />
mesmo que desinteressado<br />
os leões que fodem<br />
como se nada mais importasse<br />
ignorantes de pudor<br />
e tudo o mais humano<br />
(animal que esquece que é animal)<br />
<br />
eu nem o circo aprecio<br />
nem olho os leões que fodem<br />
ou os palhaços que dormem<br />
não tento decifrar as acrobacias perfeitas<br />
dos asiáticos que nunca saíram do circo<br />
ignoro a banda com os seus fumos<br />
e músicos vampiros<br />
a voar por todo o lado<br />
(coisas de Hollywood)<br />
<br />
nem o circo aprecio<br />
pois tenho esta mania de,<br />
mesmo que desinteressado,<br />
olhar os que olham<br />
<br />
antes predador<br />
que presa<br />
<br />
<br />
(Zagreb, 27 de Março 2011)Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-42757853976070411942011-03-01T14:09:00.001+00:002011-03-27T22:39:17.399+01:00A Whispering Wind(song lyrics)<br />
<br />
A strange walk the other day<br />
For the clouds above<br />
Seemed like rushing away<br />
Thus leaving me alone<br />
<br />
Nor the sun stayed in place<br />
It just followed them along<br />
Once it used to warm my face<br />
Now it left me alone<br />
<br />
Then there was this curtain of darkness<br />
Blinding all the sky above<br />
Sudden night!, you might well guess<br />
That I was left alone<br />
<br />
And the woods and it's shivering paths<br />
Waving leaves and eyes among<br />
That chase preys, gray wondering rats<br />
Thus leaving me alone<br />
<br />
Then a whispering wind I felt<br />
Calling me all way long<br />
And all around me like a belt<br />
Sweetly told me I'm not alonePedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-68483646938815129052011-03-01T14:06:00.003+00:002011-03-27T22:39:47.908+01:00Mimo Girl(song lyrics)<br />
<br />
"Mean and don't say<br />
Say and don't mean<br />
That's the only way<br />
To stay clean"<br />
<br />
That's the sound of a mimo girl<br />
On her way to a daily hurl<br />
And a painful uncurl<br />
<br />
"You could sometimes<br />
Glance the sky above<br />
Something there shines<br />
Maybe signs of love"<br />
<br />
That's the sound of a sober fool<br />
Playing savior, playing cool<br />
Little mimo girl's tool<br />
<br />
He tells her of rainbows<br />
And stories for yawning<br />
She tells him before a twirl<br />
Please, spare me your sorrows<br />
I'm a mimo girlPedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-88589992435709013942011-02-20T01:11:00.001+00:002011-03-01T14:02:54.110+00:00You're Dead AlreadyThere's a big scare out there<br />
About dying,<br />
Getting old and shit like that.<br />
<br />
I say: fuck you all!<br />
You're old or dead already,<br />
You just don't know it!Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-7206350274971666012011-02-20T00:44:00.005+00:002011-03-01T14:10:15.729+00:00My 3 Glasses of Red WineWho can be a greater pal<br />
Than the one who just stands there<br />
Listening, staring at you<br />
With his deep shining eyes,<br />
Just like my 3 glasses<br />
Of red wine?<br />
<br />
There's a past to unveil.<br />
A past to forget<br />
Once understood.<br />
A past to discover<br />
And forget.<br />
<br />
A past to cry<br />
For a minute or two,<br />
And a present to accept<br />
Or reshape.<br />
<br />
There's also a whole bunch of excuses<br />
To fuck off.<br />
<br />
Yeah!...<br />
<br />
It's time for a 4th glass<br />
Of red wine.<br />
<br />
And another one too...<br />
<br />
...as long as there's jazz<br />
Being played by souls<br />
Rotten as they should be.Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-11952612094269212682010-09-11T14:25:00.002+01:002011-03-19T21:38:55.033+00:00Pedras do passadolivros nunca escritos<br />
ecos silenciosos<br />
de outros tempos<br />
e outras gentes<br />
da alma viciosos.<br />
<br />
que diriam<br />
as pedras do passado<br />
se falassem<br />
e fossem de falar?<br />
<br />
que segredos<br />
revelariam<br />
e amantes<br />
acusariam?<br />
<br />
livros nunca escritos<br />
contudo lidos<br />
em outros tempos<br />
e entendidos<br />
por outros ventos.<br />
<br />
as pedras do passado<br />
são ecos silenciosos<br />
de outras gentes<br />
<br />
da alma viciosos.<br />
<br />
<br />
<i>(Zagreb, 11 de Setembro 2010)</i>Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-8629830646504947632010-08-29T13:07:00.003+01:002011-03-27T22:40:27.903+01:00Love Me Like a Stranger(song lyrics)<br />
<br />
Love me like you'd love a man<br />
A stranger breaking into your thoughts<br />
A walker with no history<br />
And a soul wrapped in mystery<br />
<br />
Love me like you'd never guess<br />
This feeling of great unrest<br />
Dazzling, violent,<br />
And poisonous<br />
<br />
Unwrap my soul of mistery<br />
And I'll be yours for a while<br />
A never ending while<br />
<br />
<br />
(Madeira, August 2010)Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-690726609568015742010-05-30T09:01:00.001+01:002010-05-30T14:37:35.376+01:00Deixa a minha sombra ser minhadá –me a chave<br />
daquela porta verde<br />
e verás o quanto amo-te<br />
ou não amo-te<br />
<br />
dá-me a liberdade<br />
de ter-te ou não ter-te<br />
e saberás por quem chamo<br />
<br />
dá-me as asas<br />
que um dia me levaram a ti<br />
e sentirás na face<br />
a brisa dos ventos que me levarão a ti<br />
ou de ti, quem sabe?<br />
<br />
deixa a minha sombra ser minha<br />
e saberás tu<br />
o que já sei eu<br />
<br />
<br />
<i>(Zagreb, 30 de Maio 2010)</i>Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-61314764680135930192009-09-26T17:02:00.000+01:002009-09-26T17:02:08.364+01:00As suas asas de cetimTantos momentos perdi<br />
Nesta coisa estúpida, a frustração.<br />
Fui tolo e egoísta, por assim dizer<br />
Pois tanto chorei por inspiração.<br />
<br />
Tanto chorei por esta coisa<br />
Que apesar de escassa<br />
Como a noite do sol<br />
E um coração que bate sem sangue<br />
De vez em quando me acena as suas asas de seda<br />
Ou de raiom ou pano barato, tanto faz.<br />
<br />
E ela acena-me!<br />
Não porque chorei<br />
Ou não chorei<br />
Nem porque amei<br />
Ou odiei<br />
Mas porque existe e persiste<br />
Quando quero ou não quero, tanto faz.<br />
<br />
O sol não brilha porque quero<br />
E a noite é escura quer durma ou não<br />
Quer passeie por avenidas e praças<br />
Iluminadas por olhos de gato<br />
Assustados ou não<br />
E olhos de gente<br />
Alegres ou não.<br />
<br />
Assim é a inspiração<br />
Sombra invisível<br />
Ou visível<br />
De algo que existe<br />
E persiste<br />
E quer veja ou não<br />
Sei que é real porque é sombra.<br />
<br />
Mas de vez em quando sou feliz de vê-la<br />
A acenar-me as suas asas de cetim<br />
Ou de pano barato ou seja lá o que for,<br />
Tanto faz.<br />
<br />
<br />
<em>(Križevci, 26 de Setembro 2009)</em>Pedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2919281784007311605.post-67459854315194497082009-09-05T11:19:00.000+01:002009-09-05T11:20:11.577+01:00Canto da crençaqueremos acreditar<br />no mundo das folhas lidas<br />o desejo universal<br />do viver<br />amar-ter<br />e esperar<br />o canto da crença<br />num lábio de folha<br />seca de eco outonalPedro Abreuhttp://www.blogger.com/profile/07486170046582109394noreply@blogger.com0