é
uma raposa
que foge à verdade
é
uma besta
que apaga o tão esperado ardor
é
uma dor
por outros antecipada
é
chamar
pela sombra azul em vão
é
percorrer
o chão seco da tua morte
é
adormecer
ao rés de uma nascente passada
é
acordar
de um sonho nunca sonhado
é
morrer
sem nunca ter vivido
é
sempre é
até
que a dor seja bem-vinda
e o inimigo estimado.
(Primošten, 26 de Julho de 2011)
terça-feira, 26 de julho de 2011
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Ondas de mar doce
não sou
de cortejar memórias
e chorar o ouro derramado
mas,
com a ajuda
de um olho rubro,
bordeaux em copo de Verão,
não há nada
que se não seja
e é da memória
de um sorriso
que esta noite
escrevo:
ora...
trata-se
de um sorriso
tão hipnotizante
como o canto de uma sereia
e deslumbrante
como um paraíso
um oásis jardim de reis
que encarnava a felicidade
um sorriso que
tirava o fôlego
a quem olhava
e
o devolvia
em beijo de canhão
sim...
era um sorriso letal
como a queda da Lua
e sentenciado fui
naquela tarde de outono
há 15 anos atrás
em
que
o sol
perdia-se
pela direita
de onde
subtilmente
as asas de uma onda
tão feminina de mar doce
me acariciaram a alma com a espuma
hipnotizante que era o sorriso
daquela criatura única no seu jeito
de morder o lábio
e toda ela
era o sorriso
o olhar
vago
para o chão
era o sorriso
o corpo
ondulado
de costas para tudo
era o sorriso
os dedos
perdidos
nos cabelos
e o falar
babado mas doce
atrapalhado
mas insinuante
docemente insinuante
tudo isso...
era o sorriso
já lá foram 15 anos...
e um olho rubro,
bordeaux em copo de Verão,
é o suficiente...
(Primošten, 22 de Julho de 2011)
de cortejar memórias
e chorar o ouro derramado
mas,
com a ajuda
de um olho rubro,
bordeaux em copo de Verão,
não há nada
que se não seja
e é da memória
de um sorriso
que esta noite
escrevo:
ora...
trata-se
de um sorriso
tão hipnotizante
como o canto de uma sereia
e deslumbrante
como um paraíso
um oásis jardim de reis
que encarnava a felicidade
um sorriso que
tirava o fôlego
a quem olhava
e
o devolvia
em beijo de canhão
sim...
era um sorriso letal
como a queda da Lua
e sentenciado fui
naquela tarde de outono
há 15 anos atrás
em
que
o sol
perdia-se
pela direita
de onde
subtilmente
as asas de uma onda
tão feminina de mar doce
me acariciaram a alma com a espuma
hipnotizante que era o sorriso
daquela criatura única no seu jeito
de morder o lábio
e toda ela
era o sorriso
o olhar
vago
para o chão
era o sorriso
o corpo
ondulado
de costas para tudo
era o sorriso
os dedos
perdidos
nos cabelos
e o falar
babado mas doce
atrapalhado
mas insinuante
docemente insinuante
tudo isso...
era o sorriso
já lá foram 15 anos...
e um olho rubro,
bordeaux em copo de Verão,
é o suficiente...
(Primošten, 22 de Julho de 2011)
segunda-feira, 18 de julho de 2011
To my ex-girlfriends
I could
just say:
things
didn't work out
that well
for us
but
that
would be a lie
things
DID work out
pretty much well
for ONE of us
and
that
is how it goes
winners
pairing
with losers
there's
the kisser
and there's the kissed
there's the bullet
and something else
I could
just say
all those
politically correct things
that
everyone else
would readily say
once the ride
is done
but that
would be a BIG DAMN
lie
a BAD lie
and I'm
pretty much sure
that
one of us
gets IT all
that's how
things
DO work out.
(Primošten, 18 July 2011)
just say:
things
didn't work out
that well
for us
but
that
would be a lie
things
DID work out
pretty much well
for ONE of us
and
that
is how it goes
winners
pairing
with losers
there's
the kisser
and there's the kissed
there's the bullet
and something else
I could
just say
all those
politically correct things
that
everyone else
would readily say
once the ride
is done
but that
would be a BIG DAMN
lie
a BAD lie
and I'm
pretty much sure
that
one of us
gets IT all
that's how
things
DO work out.
(Primošten, 18 July 2011)
sexta-feira, 15 de julho de 2011
O glorioso afogamento da aranha
sentado ignoro
a chávena de café
ainda por revelar
uma perna de aranha
o jornal
continua dobrado
ainda por revelar
os cadáveres
da noite anterior
as mesas em redor
revelam uma civilização
de almas oxidadas
o habitual
cheiro a café
e o invasivo
fumo de cigarro
abrem o ritual:
15 minutos
de reflexão automática
em breve
regressaremos ao asfalto:
300 quilómetros
de cobra cinzenta
entretanto
os meus olhos gastos
apreciam
outros olhos
igualmente gastos
perdidos
entre fumos de cigarro
e outros indesejáveis odores
de presença humana
reclamações absurdas
parecem fazer parte
deste ritual alheio
gordos sebentos
inarticulados seres
semiconscientes das suas misérias
insuficientemente satisfeitos
com a submissão dos empregados de mesa
gado
de almas oxidadas
que donos de nada
julgam-se temporariamente donos
de outras almas igualmente oxidadas
e isto repete-se
em cada paragem na auto-estrada
pelas mesas em redor
uma abundância de olhos gastos
revelando cataratas de temores agendados
entretanto
eu sei que faço parte
de toda esta suculência
algures no passado
um passo mais à esquerda
ou à direita
trouxe-me até aqui
e agora
só me resta apreciar
talvez procure algo
neste mar de fumos e odores
talvez, quem sabe...
talvez
todo este empenho
em observar os arredores
e ver o filme já visto
me faça ignorar
o nunca
ou insuficientemente visto
e se por um
ou outro momento
me libertasse
de tal vício voyeurista
certamente testemunharia
outros mundos mais intrigantes ainda
como o da aranha em toda a sua dignidade
caminhando o percurso da Morte
isto é uma daquelas lições
que pelos vistos nunca aprenderei
assim seja!
há muito asfalto a percorrer
e em cada paragem
ver o já visto
como novo ou mais intrigante ainda
é um dos rituais
que para sempre me glorificará a jornada
sempre
e para sempre
desde que hajam asfalto
café fumo de cigarro
e aranhas dignas de entreter
os meus 15 minutos.
(Primošten, 15 de Julho de 2011)
a chávena de café
ainda por revelar
uma perna de aranha
o jornal
continua dobrado
ainda por revelar
os cadáveres
da noite anterior
as mesas em redor
revelam uma civilização
de almas oxidadas
o habitual
cheiro a café
e o invasivo
fumo de cigarro
abrem o ritual:
15 minutos
de reflexão automática
em breve
regressaremos ao asfalto:
300 quilómetros
de cobra cinzenta
entretanto
os meus olhos gastos
apreciam
outros olhos
igualmente gastos
perdidos
entre fumos de cigarro
e outros indesejáveis odores
de presença humana
reclamações absurdas
parecem fazer parte
deste ritual alheio
gordos sebentos
inarticulados seres
semiconscientes das suas misérias
insuficientemente satisfeitos
com a submissão dos empregados de mesa
gado
de almas oxidadas
que donos de nada
julgam-se temporariamente donos
de outras almas igualmente oxidadas
e isto repete-se
em cada paragem na auto-estrada
pelas mesas em redor
uma abundância de olhos gastos
revelando cataratas de temores agendados
entretanto
eu sei que faço parte
de toda esta suculência
algures no passado
um passo mais à esquerda
ou à direita
trouxe-me até aqui
e agora
só me resta apreciar
talvez procure algo
neste mar de fumos e odores
talvez, quem sabe...
talvez
todo este empenho
em observar os arredores
e ver o filme já visto
me faça ignorar
o nunca
ou insuficientemente visto
e se por um
ou outro momento
me libertasse
de tal vício voyeurista
certamente testemunharia
outros mundos mais intrigantes ainda
como o da aranha em toda a sua dignidade
caminhando o percurso da Morte
isto é uma daquelas lições
que pelos vistos nunca aprenderei
assim seja!
há muito asfalto a percorrer
e em cada paragem
ver o já visto
como novo ou mais intrigante ainda
é um dos rituais
que para sempre me glorificará a jornada
sempre
e para sempre
desde que hajam asfalto
café fumo de cigarro
e aranhas dignas de entreter
os meus 15 minutos.
(Primošten, 15 de Julho de 2011)
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