escrever escrever escrever...
é a agonia do poeta
ter de escrever
escrever e escrever
descrever o indescritível
imaginar o inimaginável
escrever escrever escrever...
inventar palavras que
nunca descreverão
o poema vagante
tentar fugir para a cela
e evitar o oásis nela
escrever escrever escrever...
é a tortura do poeta
é a bala que aponta
mas nunca explode
seremos meras personagens fictícias
à mercê da benevolência do poema?
seremos escravos de nós próprios?
a mão do poema queiramos ou não?
e continuamos a escrever
escrever e escrever
bombardear teclas
com dedos de chumbo
pesos inconscientes de bazuca descartada
escrever escrever escrever...
continuamos a escrever
escrever e escrever
e atrás da nuca
o pêndulo do relógio goza a sua eternidade.
(Zagreb, 17 de Maio 2011)
terça-feira, 17 de maio de 2011
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