sexta-feira, 22 de julho de 2011

Ondas de mar doce

não sou
de cortejar memórias
e chorar o ouro derramado

mas,
com a ajuda
de um olho rubro,
bordeaux em copo de Verão,
não há nada
que se não seja

e é da memória
de um sorriso
que esta noite
escrevo:

ora...
trata-se
de um sorriso
tão hipnotizante
como o canto de uma sereia

e deslumbrante
como um paraíso
um oásis jardim de reis
que encarnava a felicidade

um sorriso que
tirava o fôlego
a quem olhava

e
o devolvia
em beijo de canhão

sim...
era um sorriso letal
como a queda da Lua

e sentenciado fui
naquela tarde de outono
há 15 anos atrás

em
que
o sol
perdia-se
pela direita

de onde
subtilmente
as asas de uma onda
tão feminina de mar doce
me acariciaram a alma com a espuma
hipnotizante que era o sorriso
daquela criatura única no seu jeito
de morder o lábio

e toda ela
era o sorriso

o olhar
vago
para o chão
era o sorriso

o corpo
ondulado
de costas para tudo
era o sorriso

os dedos
perdidos
nos cabelos

e o falar
babado mas doce
atrapalhado
mas insinuante
docemente insinuante

tudo isso...
era o sorriso

já lá foram 15 anos...

e um olho rubro,
bordeaux em copo de Verão,
é o suficiente...

(Primošten, 22 de Julho de 2011)

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