Dióxido de carbono
e fiapos de consciência
escapavam-se pelo frio ar
de um quarto escuro.
A única luz era a intermitência
das horas erradas de uma stereo e,
de resto,
a imaginação.
O dia já era
e a noite fora rotineira.
Desde o acordar da fechadura
e o esperado click,
denunciador da pobreza estética
de um acinzentado corredor,
até a hora da dolorosa masturbação,
tudo era rotina;
a tuberculosa respiração da porta,
o botão vermelho do controlo remoto,
a ausência do apetite
ou de algo que o sacie,
o arroto de cevada,
um ou outro flash do passado,
a velha poltrona vazia,
tudo.
Tudo era rotina.
O amanha
estava no ontem.
E o depois de amanha
também.
(Lisboa 1999)
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
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