sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Estrela verde

na noite do comboio
todos os vidros eram vítimas
cuspiam-lhes chuva

nessa noite do comboio
tudo me era misterioso
olhava o corredor
e aquelas criaturas de braço levantado
confundiam-me os olhos de gato

nessa mesma noite
nesse mesmo comboio
todos aqueles vidros sentiram tal a minha
a embriaguez dos ventos regendo a chuva

de repente houve um momento de amnésia sonora
nesse mesmo momento
nesse mesmo comboio
senti na carne o beliscar daquele olho
de estrela verde
e a minha fome de lábio comeu pudor

(1-2 de Marco 2000, Zagreb)

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