um de nós aprecia o circo
onde os palhaços dormem
e os leões fodem
onde os asiáticos,
perfeitos como sempre,
saltam, voam, sei lá...
e as suas acrobacias
deixam rastos no ar
demasiado complicados para decifrar
o outro olha desinteressado
os leões que fodem
o circo já não é o que era
as acrobacias tornaram-se complicadas
demasiado perfeitas
a banda, que antes tocava,
hoje nos fuzila em grande estilo
mas ao menos os leões fodem
e um de nós olha
mesmo que desinteressado
as crianças gritam
os adultos escrevem ao telemóvel
e um de nós continua a olhar
mesmo que desinteressado
os leões que fodem
como se nada mais importasse
ignorantes de pudor
e tudo o mais humano
(animal que esquece que é animal)
eu nem o circo aprecio
nem olho os leões que fodem
ou os palhaços que dormem
não tento decifrar as acrobacias perfeitas
dos asiáticos que nunca saíram do circo
ignoro a banda com os seus fumos
e músicos vampiros
a voar por todo o lado
(coisas de Hollywood)
nem o circo aprecio
pois tenho esta mania de,
mesmo que desinteressado,
olhar os que olham
antes predador
que presa
(Zagreb, 27 de Março 2011)
domingo, 27 de março de 2011
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